CORAÇÃO DAS TREVAS E O CÔMPITO ENTRE LITERATURA, HISTÓRIA E MEMÓRIA:
AS SOMBRAS DO COLONIALISMO SOB A ÉGIDE DO PROGRESSO E DA CIVILIZAÇÃO
Resumo
O presente artigo se propõe a analisar a obra Coração das trevas (1902) do escritor Joseph Conrad, por meio da interface entre Literatura, História e Memória. A obra retrata a violência do colonialismo europeu justificada sob a égide de levar o progresso e a civilização às colônias. Nesse contexto a literatura de Conrad ofereceu e oferece subsídios para melhor compreender o processo de dominação de outros povos, especialmente os africanos, processo que se desenvolveu no século XIX, mas persistiu, especialmente na África, até a década de 1970, causando danos irreparáveis especialmente à região onde se desenvolve a narrativa em questão, a qual sofre até hoje para se libertar do estigma de exploração e domínio, razão pela qual a obra em questão continua tão pertinente. Para tanto tomaremos por base especialmente as reflexões de Mario Vargas Llosa (2004) e Adam Hochschild (1999) no que diz respeito a análise do contexto histórico, de Walter Benjamin (2012) e Jeanne Marie Gagnebin (2006) no que se refere as reflexões acerca de memória e narrador, além de pesquisadores como Grace Amiel Pfiffer (2011).